VIGÍLIA
Senhor, a cidade dorme!
Eu solitária, esquecida
Com a terna lembrança
Das coisa que se foram;
Com as mãos cheias
do nada que restou.
Senhor, a cidade dorme!
Eu, como se estivesse perdida
Numa praia imensa, primitiva,
Na qual ouvem bater
Nos rochedos carcomidos
As pesadas águas soluçantes.
Senhor, a cidade dorme!
Eu, acordada e triste,
Sentindo o frêmito brusco
Do sangue impulsionado
Para as artérias esclerosadas,
A dor que não se finda.
Senhor, a cidade dorme!
Eu, agônica, esquecida
No meu quarto solitário;
Só tu, Senhor, meu pai,
Velas pacientemente
Sobre a minha angústia
Constantemente.
11/10/78
Maria José
Nenhum comentário:
Postar um comentário