Compreender o Próximo
Jesus era um líder ouvinte. Como amava os outros com amor
perfeito, ouvia sem ares de superioridade. Um grande líder ouve não só os
outros, mas também a sua própria consciência e os influxos de Deus.
Jesus
era paciente, súplice, amoroso. Quando Pedro feriu o servo do sumo sacerdote
com a espada, cortando-lhe a orelha direita, disse Jesus: "Mete tua espada
na bainha" (João 18:11), sem se mostrar zangado e calmamente curou a
orelha do servo. (Vide Lucas 22:51). Sua repreensão a Pedro foi bondosa, porém
firme.
Como
Jesus amava a seus seguidores, podia ser franco com eles. As vezes reprovava
Pedro, porque o amava; e Pedro, sendo um grande homem, progredia com essas
reprimendas. Em Provérbios, existe um versículo maravilhoso que todos nós
deveríamos ter em mente: "Os ouvidos que escutam a repreensão da vida no
meio dos sábios farão sua morada. O que rejeita a correção menospreza sua alma,
mas o que escuta a repreensão adquire entendimento”. (Provérbios 15:31-32).
Sábio
é o líder ou o seguidor que consegue agüentar a "repreensão da vida".
Pedro conseguia, por saber que Jesus o amava e assim foi capaz de treinar Pedro
para um lugar de muita responsabilidade no reino.
Jesus
via o erro do pecado, mas também conseguia ver o pecado como algo decorrente de
profundas necessidades insatisfeitas do pecador. Isto lhe permitia condenar o
pecado sem condenar a pessoa. Nós podemos demonstrar amor ao próximo, mesmo
quando somos chamados a corrigi-lo. Precisamos ser capazes de perscrutar sua
vida com suficiente profundidade para ver as causas fundamentais de seus
insucessos ou falhas.
Liderança Abnegada
A liderança do Salvador era abnegada. Ele colocava a si
mesmo e suas necessidades em segundo plano, servindo aos outros além do que era
seu dever, incansável, amorosa e eficientemente. Tantos problemas do mundo de
hoje são resultado do egoísmo e egocentrismo de muitos que exigem demais da
vida e dos outros, para satisfazer às suas necessidades.
A
liderança de Jesus acentuava a importância de saber discernir com relação aos
outros, sem procurar dominá-los. Ensinou-nos que sem liberdade não pode haver
um verdadeiro progresso. Um dos problemas da liderança manipuladora é que não
provém do amor ao próximo, mas da necessidade de usá-los. Esses líderes se
concentram em suas próprias necessidades e desejos, não nas necessidades
alheias.
Jesus
tinha visão de problemas e pessoas. Era capaz de calcular
cuidadosamente o efeito e impacto remoto do que falava, não só com referência
aos que o ouviam no momento, mas naqueles que o leriam dois mil anos mais
tarde. É muito freqüente os líderes seculares procurarem resolver problemas
aliviando o padecimento presente, criando com isso maior dificuldade e
padecimento futuro.
Delegação
Jesus sabia como envolver seus discípulos no processo da vida.
Encarregava-os de coisas importantes e específicas, para que se desenvolvessem.
"Confia em seus seguidores o suficiente para compartilhar seu trabalho com
eles, a fim de que possam crescer."Essa é uma das maiores lições de sua
liderança. Se afastarmos as outras pessoas para que o trabalho seja realizado
mais depressa e perfeitamente pode ser que a tarefa seja feita, sem dúvida, mas
desprovida do tão importante desenvolvimento e progresso dos seguidores. Por
saber que esta existência tem um propósito e que fomos colocados neste planeta
para trabalhar e crescer, o crescimento torna-se um dos grandes propósitos da
vida, além de um meio. Podemos corrigir os outros de maneira carinhosa e
produtiva, quando cometem erros.
Jesus
não tinha medo de ser exigente com os que liderava. Teve coragem de mandar
Pedro e os outros abandonarem as redes de pesca para o seguirem, não depois da
temporada de pesca ou após a pescaria seguinte, mas agora! Hoje! Jesus mostrava
às pessoas que confiava nelas e em suas possibilidades e assim podia ajudá-las
a novos e maiores feitos. Jesus acreditava em seus seguidores, não só pelo que
eram, mas pelo que poderiam tornar-se. Amando os outros, podemos ajudá-los a
progredir, fazendo-lhes exigências razoáveis, porém reais.
Jesus
dava às pessoas verdades e tarefas condizentes com sua capacidade. Não as
assoberbava com mais do que eram capazes de fazer, mas o suficiente para que se
empenhassem e progredissem. Preocupava-se com os aspectos básicos da natureza
humana e como provocar mudanças permanentes, e não simples modificações transitórias.
Responsabilidade
Jesus ensinou que somos
responsáveis não só por nossos próprios atos, mas também por nossos
pensamentos. Naturalmente, não pode haver responsabilidade sem
princípios fixos. O bom líder lembra-se de que é responsável perante Deus, bem
como perante aqueles a quem lidera. Exigindo responsabilidade de si próprio,
está em melhor posição para exigir que os outros sejam responsáveis por sua
conduta e desempenho. As pessoas tendem a conduzir-se de acordo com o padrão
estabelecido por seus líderes.
Bom Uso do Tempo
Jesus ensinou também
a importância de usar-se o tempo com sabedoria. Isto não quer dizer que nunca
devamos folgar, pois precisamos de tempo para meditar e descansar; o que não deve
haver é desperdício de tempo. A maneira de gerir nosso tempo é tão importante,
e podemos fazê-lo muito bem, sem sermos rabugentos ou importunos.
Liderança Secular
As pessoas a quem
mais amamos, admiramos e respeitamos como líderes da família humana são
justamente aquelas que possuem, em muitos aspectos, as qualidades demonstradas
por Jesus nesta vida e em sua liderança.
Contrariamente, os
líderes que se mostraram mais trágicos em seu impacto sobre a humanidade são
precisamente aqueles a quem faltaram até certo ponto os atributos do Homem da
Galiléia. Provavelmente nenhum de nós seja um perfeito exemplo de líder, mas
todos podemos envidar um esforço consciente na direção desse grande ideal.
Nosso Potencial
Um dos grandes
ensinamentos do Homem da Galiléia, o Senhor Jesus Cristo, prende-se à imensa
potencialidade que temos em nós. Instando-nos a sermos perfeitos como nosso Pai
Celeste é perfeito, Jesus não estava zombando ou caçoando, mas ensinando-nos
uma poderosa verdade a respeito de nossas possibilidades e potencial. É uma
verdade quase que assombrosa demais para nosso entendimento. Jesus, que não
sabia mentir, procurava com isso fazer-nos avançar no caminho da perfeição.
Ainda não somos
perfeitos como Jesus, mas, a menos que aqueles que nos rodeiam possam observar
nosso esforço e progresso, não poderão ver-nos como um exemplo a seguir;
considerar-nos-ão pouco responsáveis com respeito ao que precisa ser feito.
Todos têm muito mais
oportunidades de fazer o bem e de ser bons do que jamais conseguem aproveitar.
Essas oportunidades estão por toda parte. Seja qual for o tamanho de nossa
esfera de influência, bastaria melhorarmos apenas um pouco nosso desempenho
para que fosse ampliado. Existem muitas pessoas esperando ser influenciadas e
amadas; basta que tenhamos vontade de melhorar nosso desempenho.
É preciso lembrar
que os mortais que encontramos nos estacionamentos, escritórios, elevadores e
outras partes, são uma porção da humanidade que Deus nos mandou amar e servir.
Pouco nos aproveitará falar da fraternidade humana, se não conseguimos
considerar os que nos cercam por toda parte como nossos irmãos e irmãs. Se
nossa porção de humanidade nos parecer pequena ou nada fascinante, devemos
lembrar-nos da parábola em que Jesus nos ensina que grandeza nem sempre é um
fator de tamanho ou padrão, mas da qualidade de vida de alguém. Se
aproveitarmos bem nossos talentos e oportunidades que nos cercam, Deus não
deixará de notar. E aqueles que aproveitam bem as oportunidades que lhes foram
dadas receberão ainda mais!
As escrituras contêm
maravilhosos estudos de caso de líderes que, embora não sendo perfeitos como
Jesus, realizaram grandes coisas. Lê-los, e com freqüência, faria muito bem a
todos nós. Esquecemo-nos de que as escrituras nos presenteiam com séculos de
experiência em liderança e, mais importante ainda, com os princípios fixos
segundo os quais deve operar a verdadeira liderança para o sucesso. As
escrituras são o manual de instruções para o aspirante a líder.
O Líder Perfeito
Jesus é nosso
modelo, se quisermos ter muito sucesso. Todos os atributos enobrecedores,
perfeitos e belos de maturidade, força e coragem são encontrados nessa única
pessoa.
Talvez o mais
importante que se possa dizer a respeito de Jesus Cristo, mais importante que
tudo o que já foi dito, é que ele vive. Ele realmente incorpora todas as
virtudes e atributos de que falam as escrituras. Conseguindo compreender isto,
conheceremos a realidade central do homem e do universo. Se não aceitarmos essa
verdade e realidade, então não teremos os princípios firmes ou verdades
transcendentais para viver a vida com felicidade e servindo. Em outras
palavras, acharemos muito difícil ser um líder significativo sem reconhecer a
realidade do líder perfeito, Jesus Cristo, e deixá-lo ser a luz que ilumina
nosso caminho!
(KIMBALL, SPENCER W. Jesus: O Líder Perfeito. Salt Lake
City, UT, USA. Publicado em A Liahona, Agosto de 1983, páginas 7/11).