Os homens, em eras remotas, se comunicavam uns com os outros, registravam suas idéias, acontecimentos, deixavam mensagem, valendo-se de desenhos. Estes, porém, em sua maioria, seriam obras de arte, e não escrita pictórica.
A pictografia – sistema primitivo de escrita no qual
as idéias são expressas por meio de desenhos das coisas ou figuras simbólicas,
por exemplo: o desenho de um peixe para figurar um peixe, o contorno de um
antílope pastando, o intuito é comunicar aos semelhantes “aqui há lugares
apropriados à caça”. “Abelha” para designar rei.
Estes símbolos representando idéias,
qualidades e ações passaram ao de ideograma, fase da escrita que se chama
ideografia (idéia figurada).
A escrita pictórica foi praticada por
inúmeros povos primitivos desenvolvendo-se enormemente entre os babilônicos e
egípcios, e veio a ser a origem da escrita chinesa atual.
Há cerca de 3500 anos, provavelmente,
os sacerdotes da Babilônia começaram a registrar o número de ovelhas e novilhos
que se enviavam ao templo, por meio de figuras desenhadas em argila úmida. Essa
escrita chamava-se Cuneiforme, ou em forma de cunha, porque cada traço do
desenho tem o aspecto de cunha, de prego e de cravo.
Em nossos dias a ideografia ou idéia
figurada é usada para o trânsito de veículo, como crianças, setas cruzamentos;
bem como o crânio sobre duas tíbias, que se vê nos frascos de veneno.
Foi muito difícil aos primeiros homens exprimirem seus pensamentos por processos ideográficos, porque suas mensagens poderiam ser interpretadas de diversas maneiras por leitores diferentes. A necessidade de precisão foi aperfeiçoando o método. Os símbolos começaram a representar combinações de som.
Aproximadamente IV séculos a. C. os
gregos conseguiram unificar o alfabeto que ainda hoje perdura de 24 caracteres.
As letras gregas, com alterações e acréscimos foram transmitidas aos povos da
Europa ocidental, através do alfabeto latino que baseiam no alfabeto romano que
data aproximadamente 2.500 anos; destes procede nosso idioma português.
A escrita foi inventada na Suméria no
meado do IV milênio a. C. período proto-história que sucede imediatamente no
limiar da história, que fica entre as brumas da pré-história, época do
aparecimento sobre a terra de hominídios (espécime dos Hominidas da família de
mamíferos primatas que tem por tipo o homem).
Esse período pode-se divisar através
dos restos deixados por sua cultura, que foi pesquisado, descoberto e
reconstruído através da arqueologia, culturas e civilizações desaparecidas.
Restos são os sobejos remanescentes de
uma era de ocupação humana: ossos e dentes, objetos de todo gênero, ruínas,
traços ou impressões de tecidos, de trançados, grãos de cereais ou suas
impressões, pólen, cacos de cerâmicas, conchas, ossos de animais; restos
carbonizados de antiga fogueira ou lareira, detritos acumulados; nada que possa
identificar impressões genealógicas concretas.
Existem apenas alguns documentos com
impressões genealógicas escritas a partir de 3500 a. C. na Sumérica e no Egito,
embora fragmentário, incompletos e de difícil interpretação.
Outros documentos valiosíssimos
concernentes a história da humanidade contido nos setecentos mil volumes em
rolos de papiros da biblioteca da Alexandria foram inutilizados pelas tropas de
Júlio César no ano de 390, restaurado por Marco Antônio, e destruídos de vez,
em 640 A.D. pelo incêndio da biblioteca causado por Omar I segundo califa
mulçumano.
Há outros registros históricos de suma
importância, que foram preservados pelo poder divino e chegou até os dias
atuais, embora adulterados por várias traduções; estão compilados no Velho
Testamento.
Deus tem se comunicado com alguns
homens especiais, denominados profetas, e inspirando-os a escrever
acontecimentos históricos relacionados às famílias da terra. Alguns dos profetas
recebiam revelações de Deus, concernente ao passado e futuro de acontecimentos
sagrados, através de um instrumento denominado “Urim e Tumim”.
Podemos encontrar referências a esse
instrumento nos livros: Números-Capítulo 27 versículo 21 e Êxodo-Capítulo 28
versículo 30, Levítico-Capítulo 8 versículo 7 e 8. Moisés escreveu os cinco
primeiros livros do Velho Testamento, relatou acontecimentos importantes a
respeito da criação do mundo e a origem do homem. Supõe-se que Moisés tenha
recorrido ao Urim e Tumim para receber as revelações, e escrever o Pentateuco.
No livro de Malaquias-Capítulo 3,
versículo 16 e 17, referem-se a um memorial. Conforme acima descrito os homens
têm tentado escrever e transmitir suas idéias, pensamentos e sentimentos,
através de milênios, mesmo antes de se inventar o alfabeto, e alguns deles
querendo ser lembrados e parecer importantes, construíram para si enormes
pirâmides ou maciças estátuas de mármore. Outros conquistaram nações para
garantir um lugar na história.
O que podemos fazer para aqueles que
nos seguem se lembrarem de nós? Construir pirâmides? Erigir monumentos? Nada
disso é necessário! Podemos ser conhecidos, e lembrados para sempre, pelos
registros que fazemos em vida, a respeito de nossos ancestrais, de nossa própria
vida e experiências, compondo registros sagrados através de longas e árduas
pesquisas, para nossos descendentes e, a quem possa interessar.
Não se deve fazer genealogia sem
registrar acontecimentos históricos familiares e sua própria história, deixaria
uma lacuna irremediável. Porque não começar um livro de recordações? Não é tão
difícil! Apenas uma coleção de registros pessoais e familiares e pode ser da
maneira que achar conveniente. Deverá conter material que faça lembrar suas
bênçãos espirituais, sua linhagem e suas experiências.
Muito do que hoje consideramos
escrituras é nada mais, nada menos, que o resultado do que os homens escreveram
sobre suas próprias experiências espirituais, para o benefício de sua
posteridade. Onde estaríamos nós se Moisés não houvesse escrito sua história e
a do mundo naqueles tão importantes cinco livros do Velho Testamento?
O que Moisés possuía para fazê-lo?
Moisés possuía as tradições, os registros, a fé, e disposição para escrever; e
nos abençoou através da eternidade pelo serviço que nos prestou, escrevendo o
Pentateuco.
“Quão gratos somos, por Abraão Ter
escrito a história de sua vida, por esse importante seguimento da história do
mundo e por suas próprias revelações, pensamentos, sentimentos e ricas
experiências”. (Spencer Wooley Kimball).
“Se Deus não tivesse mandado manter
registros sagrados e nós, não dispuséssemos desses registros, referentes aos
negócios do Senhor com os homens na terra, este mundo ter-se-ia degenerado em
selvageria, e satanás o teria reduzido a um perfeito cativeiro; não teria
havido conhecimento com referência às gerações passadas”. (Joseph Fielding
Smith).
Que bênção constitui para a humanidade
o fato de registros sagrados terem sido preservados, que bênção para os nossos
descendentes se transmitisse os registros de nossas famílias. Devemos referir
aos registros da família como um livro de recordações.
Devemos manter corretamente as
efemérides da família e tudo que seja vital. Todo acontecimento importante em nossas
vidas deve ser registrado por nós individualmente.
“Se o homem não mantém um diário o
caminho se desmorona atrás dele assim que passa, e seus dias passados, são
pouco mais que um vazio interrompido por raras sombras distorcidas. Sua vida
está totalmente confinada no hoje. A vida de quem mantém um diário é
enriquecida. E mais de um milhão de pequenos vínculos e laços a prender os
membros do círculo familiar e a todos com quem mantém um diário é enriquecida. E mais de um milhão de pequenos
vínculos e laços a prender os membros do círculo familiar e a todos com quem
convive”. (Spencer W. Kimball).
Certa vez ouvi o deputado Israel Dias Novaes pronunciar num de seus discursos “O homem que não tem passado, humilha o presente e compromete o futuro”.
Comecem hoje a escrever suas conquistas
e seus fracassos, seus triunfos, suas impressões, seus testemunhos; talvez um
dia um de seus entes queridos possa fazer citações deles.
Os diários mantidos por nossos avôs e
bisavôs podem ajudar-nos a levar uma vida de retidão. Na época essas experiências
cotidianas, talvez parecessem comuns e insignificantes, mas para nós, seus
pequenos atos de coragem e perseverança podem parecer heróicos.
É necessário mantermos um registro
exato. As fotografias devem ser colocadas num álbum com os nomes e idade das
pessoas.
Seu diário pessoal deve conter sua
verdadeira personalidade, seu verdadeiro eu, sem esconder ou omitir suas
próprias fraquezas.
Há uma tendência muito humana de ressaltar nossas virtudes, dando-lhes mais colorido e de encobrir vícios, mas há também a perigosa tendência de acentuar o lado negativo.
A verdade deve ser dita, mas sem
destacar os aspectos negativos.
Mesmo uma vida longa, cheia de
experiências inspiradoras, pode ser arrasada por uma ocorrência desabonadora.
Porque demorar-se num fato vil a respeito de alguém, cuja vida tem sido
geralmente um exemplo de retidão ?
O bom biógrafo não se deve deixar levar
pela paixão, mas pelo bom senso. Ele suprimirá o irrelevante e buscará o forte,
o peculiar, o interessante... Que poderiam deixar de melhor para seus filhos e
netos do que a história de sua vida.
Seus triunfos sobre a adversidade, sua
recuperação de uma queda moral, seus progressos quando tudo parecia trevas; seu
regozijo quando finalmente conseguiu vencer?
Se ainda não tem, até aqui, registrado
a história de sua família, e a sua própria, porque não começar a fazê-lo
imediatamente?
O material referente a sua história
como criança, como jovem e adulto, poderá ser reunido em envelopes, pastas
separadas, uma para cada etapa de sua vida. Uma vez reunidos esse material,
poderá servir como fonte para sua história.
Comece agora, enquanto os fatos são
recentes e os pormenores ainda estão gravados na memória.
Tomem um caderno... Um diário, que
deverá durar a vida toda, escrevam tudo que for vital. Talvez os anjos possam
tirar dali citações que valham para a eternidade.
Maria José Antunes
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