Os estudos genealógicos proporcionam altos subsídios à
Biologia e à Eugenia. A Eugenia estuda os fatores que sob o controle social
possa melhorar ou prejudicar física e mentalmente as qualidades raciais das
gerações futuras.
É uma ciência nova, iniciada por Sir Francis Galton, na
metade do século 19. Está especialmente ligada à saúde e ao bem estar biológico
do ser humano. O vocábulo Eugenia vem do grego, que significa “boa geração”.
As pesquisas de Mendel sobre herança e os trabalhos de
Darwin trouxeram nova contribuição à Eugenia. O controle da união de
consanguíneos e portadores de taras e doenças hereditárias é um dos inúmeros
meios de realizar a Eugenia.
A genética tem grande importância para a genealogia por ser
o ramo da biologia que trata da herança, da variação, do desenvolvimento e da
evolução. É definida atualmente como a ciência da hereditariedade e da variação
dos organismos. Seus métodos se baseiam no estudo dos caracteres que surgem na
descendência de cruzamentos.
Certos princípios da herança biológica foram aceitos como
indiscutíveis, como:
1- A vida é herdada e com ela as
características morfológicas (da forma), fisiológicas (do funcionamento),
psicológicas (do comportamento) e do desenvolvimento da espécie.
2- No recém-nascido reúnem-se várias
condições especiais, características dos tecidos e aparelhos que lhe permitam a
sobrevida, isto é, manter intacta as potencialidades recebidas por herança
através das células sexuais masculina e feminina do pai e da mãe.
3- Apesar de haver semelhança entre
ancestrais e seus descendentes, as pessoas diferem umas das outras.
Essas diferenças são o resultado de variações genéticas que
contribuem para dar aos componentes da espécie humana a característica da
individualidade, tanto física quanto psicológica. Sob o ponto de vista
genético, essas diferenças dizem respeito à cor dos olhos, à disposição
esquelética geral, à forma do nariz, os ângulos do rosto, às características do
cabelo (liso, ondulado ou crespo). Elas se dão devido às várias combinações dos
genes dentro das células sexuais.
O indivíduo herda traços dos pais, dos avós de ambos e dos
parentes mais afastados, atenuando-se progressivamente o vigor das
características herdadas de vários cruzamentos de raças, devido à imigração de
várias partes do mundo.
Raça é um grupo humano que se distingue de outras congenes
por ser portador de certas características físicas hereditariamente
transmissíveis. Trata-se de conceito puramente biológico.
Não se deve confundir raça com cultura, nacionalidade,
religião ou língua, que conduzem a agrupamentos socioculturais e não
biológicos. Por ex. um negro brasileiro e um negro norte-americano descendentes
da mesma tribo africana têm raça idêntica, porém sua cultura e nacionalidade
são diferentes, pois falam idiomas diversos e têm, possivelmente religiões
distintas.
Reconhecem-se facilmente os três grandes troncos raciais: o
branco, o negro e o amarelo. Entretanto, como todos os grupos humanos são
férteis entre si e se miscigenaram há muitos milênios, é muito difícil chegar a
um acordo sobre critérios e consequentemente o número de raças existentes.
Algumas das diferenças físicas entre grupos humanos provêm
de diferenças na constituição hereditária e no meio em que se desenvolveram, e
estes dois fatores tem grande influência para a continuação da raça. (UNESCO,
1952, declaração racial).
A raça humana pode sofrer a influência dos quatro mecanismos
evolutivos:
·
Miscigenação
·
Mutação
·
Seleção
natural
·
Derivação
genética
Atual também fatores naturais como isolamento geográfico e socioculturais (proibições de casamento, regime de castas, etc.). Não há raça superior ou inferior, nem raça pura. Até agora as experiências feitas não demonstraram que pessoas de várias raças difiram em sua capacidade inata de desenvolvimento intelectual ou emocional.
Algumas diferenças biológicas entre seres humanos dentro da mesma raça podem ser iguais ou maiores que as mesmas diferenças biológicas entre raças distintas. Não há evidência de que a miscigenação produza resultado desvantajoso sob o ponto de vista biológico. São geralmente fatores socioculturais os que condicionam os bons ou maus resultados dessa miscigenação.
“Todo indivíduo normal, seja qual for sua raça, é
essencialmente educável, e sua vida intelectual e moral é em grande parte
condicionada pelo seu treinamento e pelo seu meio físico e social”- UNESCO.
Esta observação no homem é difícil de ser feita devido à
lentidão com que o homem se desenvolve, e da impossibilidade de se fazer com
ele experiências genéticas, só sendo permitido colher observações.
Os estudos genealógicos podem dar lugar a um aumento dos
conhecimentos relativos à hereditariedade humana. De fato, contribuíram esses
estudos para que noções seguras se estabelecessem.
Confirmaram a transmissibilidade no homem dos caracteres
morfológicos, fisiológicos e psicológicos. Consagraram o conceito de que essa
transmissibilidade de caracteres seguem as leis de Mendel e que, desses
caracteres, uns são dominantes e outros recessivos. Alumiaram o caminho
percorrido pelos cientistas na elucidação de problemas de transcendental
importância.
Foi o genealogista quem forneceu seguros ao biologista, no
que se refere à transmissibilidade de certas moléstias, através de pesquisas
genealógicas feita por médicos credenciados. As moléstias herdadas são
malformações devido às alterações dos genes:
·
O daltonismo: alteração da percepção de cores
trocando o verde pelo vermelho.
·
A hemofilia: sangramento patológico e
incontrolável.
·
O albinismo: despigmentação da pele, conferindo ao
indivíduo várias cores na pele.
Devemos destacar que a rubéola está hoje reconhecida como a
responsável na incidência de malformação cardíaca, alterações visuais,
auditivas e deficiências mentais no feto. Não são hereditárias e sim fator ambiental
materno, adquiridas na vida intra-uterina, que deve ser rigorosamente observado
e tratado.
As moléstias mentais não são, geralmente, hereditárias, com
exceção de algumas de ordem neurológica com o comprometimento no sistema
nervoso central.
As malformações congênitas do coração são adquiridas na
época embrionária do indivíduo. O coração é bastante vulnerável e sujeito a
distúrbios e complicações, devido a uma série de fatores, tais como desnutrição
e doenças da gestante.
O papel da hereditariedade nas malformações cardíacas é
pouco significativa, atribuindo-se apenas 2% delas a alterações de origem
genética. Há outras malformações cardíacas adquiridas por febre reumática.
A febre reumática é uma doença febril que se caracteriza
por uma artrite migratória dolorosa e com tendência para a lesão cardíaca, que
se traduz em moléstia valvular e crônica devido à formação de pequenos nódulos
durante a fase aguda da doença.
Esses nódulos desaparecem eventualmente, mas deixam
cicatrizes que podem acarretar lesões definitivas nessas válvulas.
A febre reumática aparece geralmente após as infecções de
nariz e garganta, ou outras infecções de origem estreptocócicas, atacando os
jovens de 6 a 19 anos. A correção cirúrgica das válvulas tem trazido excelentes
resultados.
Doenças de chagas (Tripanossomíase americana).
Moléstia parasitária devida a infestação pelo protozoário
Tripanossoma Cruzi. Os ninhos de tripanossomas se aninham no coração, destroem
as células do miocárdio levando o progressivo enfraquecimento do órgão. É a
chamada miocardite chagásica, a redução da capacidade do coração levando-o à
taquicardia, hipertrofia das fibras sadias, ou aumento do volume das cavidades
e, finalmente, insuficiência cardíaca.
Além disso, o comprometimento do Feixe de His, sistema de
condutibilidade nervosa do coração pode levar a diversas formas de anetmia, ou
mesmo a bloqueio do coração que pode ser corrigida pelo uso de Marca-Passo
cardíaco, aparelho implantado sob a pele ou transportado externamente, que
estimula o coração através de impulsos elétricos, possibilitando o transcurso
de uma vida normal aos portadores do distúrbio.
Como grande parte das doenças são adquiridas por fatores
diversos e algumas são hereditárias, não deve haver preocupação por parte de
descendentes de famílias portadoras de certas moléstias ou malformações
congênitas.
O genealogista não afirma que a incidência de certas
moléstias encontradas num determinado ramo da família podem ser transmitidas à
prole. Os descendentes de portadores de
diabetes arteriosclerose ou processo degeneratório das articulações, etc. não
devem também se preocupar.
Com o avanço da ciência e medicina, existem recursos para
atenuar e até mesmo descartar moléstias hereditárias, como por exemplo,
descendentes de portadores de hipertensão diabética ou coronariana, poderão
evitar a ocorrência dessas moléstias com uma alimentação balanceada evitando
massas, açúcares, gorduras, abstendo-se do álcool, fumo e café.
Praticar exercícios físicos, ginástica e boas caminhadas,
além de exames laboratoriais periódicos. A terapia ocupacional também é
indispensável para manter a saúde física e mental.
Maria José Antunes
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