A força de um testemunho

A força de um testemunho que emana da corte celestial, nos testifica pelo poder do Santo Espírito, que Jesus é o filho Unigênito e Primogênito de Deus nosso pai Eterno. Sob os designos do Pai, com a força sacerdotal criadora que possuía ajuntou os elementos e organizou a Terra, semeou as sementes das ervas, grãos e flores, deu beleza e harmonia às cores, criou a luz, a majestade do sol, a poesia da lua, o esplendor das galáxias, fez com que a terra produzisse toda espécie de alimentos, especialmente frutas saborosas e perfumadas para alimentar os seres vivos e. Finalmente junto ao Pai foi feita obra máxima da criação, o homem! E nele foi colocada alma vivente, com todos os sentidos. Deu-lhe um cérebro perfeito para raciocinar e discernir e um coração para amar e sentir as emoções e influência  do universo, deu o livre arbítrio ao homem para habitar e explorar esse planeta, semear e colher, dar e receber servir e ser servido, amar, e ser amado sofrer chorar, sorrir  questiona, pensar, discernir, decidir,  perdoar, refazer, esquecer.

            Esse nosso Deus, Pai de amor e bondade, conhecendo a fragilidade de seus filhos diante da força arrasadora do poder do mal e a tênue força para sobrepujar o turbilhão de tentações e prazeres que a força opositora oferece e, consequentemente, fazendo sucumbir às tentações e transgredir as leis celestiais, provera um Salvador! O seu próprio filho, o unigênito e primogênito entre todas as criaturas, aquele que foi a inteligência e obediência máxima da criação, aquele que deu a sua própria vida em favor de seus irmãos, tornando-se Salvador, Redentor da humanidade e mediador entre Deus e os homens.

     
   Um dia, o sacrossanto ato de amor, fez com que se prostrasse no imaculado chão, do santuário ecológico do Gestsemani, e tremer de dor: e o espasmo doloroso impulsionou seu sangue, fazendo o transpirar pelos poros dilacerados e molhar seu corpo divino. Nesse momento de extrema agonia, por uma fração de segundos, chegou a fraquejar: devido à condição humana que herdou de sua mãe. No momento de êxtase e amargura, deixou escapar de seus lábios trêmulos, a voz enfraquecida pela dor; "Pai, se for possível, afasta de mim esse cálice". A força divina, herdada de seu Pai, Deus Eterno e o extremo amor e obediência, fez com que ele dissesse: "Contudo seja feita a tua vontade e não a minha." A vontade do Pai se cumpriu     e tudo foi consumado! Num grande brado exclamou: "Pai, nas Tuas Mãos, entrego meu espírito." Escureceu o sol, houve terremotos e chuvas. Trevas cobriram  toda a Terra, que tremia em convulsão espasmódicas, o véu do Templo se rasgou; o abalo císmico retroou até os confins da Terra. Os sinais cataclísmicos causaram espanto e temor, muitos corações endurecidos foram tocados e creram que Jesus era o Cristo, até o centurião e os que com ele guardavam a Jesus disseram: "Verdadeiramente este era o filho de Deus!!!" A força inabalável do testemunho dos que conviveram com Jesus Cristo testemunharam seus milagres, absorveram seus ensinamentos e exemplos e deram sua própria vida, sendo martirizados e devorados pelas feras na arena do circo, ou colizeu de Roma, selando seu testemunho com seu próprio sangue. Esse ato de fé, amor e coragem não foi em vão, esses testemunhos mais potente que a potencialidade do mal, permanece vivo e inalterado ecoando na mensidão do espaço e habitando em nossos corações. Esse mesmo testemunho que os destemidos pioneiros de nossos dias, fiéis e dedicados ao serviço de Deus, sua luz tem brilhado com grande esplendor, fortalecendo nosso testemunho e alumiando os corações daqueles que vivem nas trevas do pecado, trazendo-os para a verdadeira luz do evangelho e felicidade eterna.

    A influência deste testemunho tem penetrado nas fibras de meu corpo, circulado pelas minhas veias, habitado o meu coração, conduzindo-me a ideais elevados de princípios eternos, tem me dado força e coragem inabalável para sobrepujar as tentações e desafios que a vida oferece: força para suportar dores e sofrimentos físicos, decepções e desapontamentos e tudo mais que o plano telestial dispõe, para a provação terrena do ser mortal.

     Sou imensamente grata ao meu Pai Celeste, por esse privilégio de habitar este planeta, passar por provações e aprendizado, adquirir maturidade espiritual, para que no último dia de peregrinação por este planeta, e na hora derradeira, em que tiver que deixar, esse débil corpo mortal, eu possa sentir alegria, paz e serenidade para enfrentar o processo da morte, como enfrentei o processo da vida, na dolorosa trajetória do nascimento, do útero materno até a luz, quando o primeiro jato de ar penetrou nos meus pulmões, e dei o meu primeiro grito de dor, o primeiro dos milhares que teria que dar até o processo final de minha provação terrena.

      
      Meu Pai Celestial muito me amou, deu-me seu amado filho Jesus Cristo como meu Salvador e o reconhecimento do sacrifício  expiatório que Ele fez pelos meus pecados; os quais tenho certeza de que já foram perdoados, pelo meu arrependimento sincero, e o desejo inabalável de renovar a cada dia de minha vida, os convênios que fiz no dia 12 de Setembro de 1959, quando entrei nas águas do batismo, e os convênios e promessa no dia 14 de Novembro de 1978, no seu Templo sagrado. Convênios sagrados que tenho sabido amar honrar e respeitar, convênios que me trouxeram alegria e paz celestial, libertação e conforto espiritual.


     No dia 12 de setembro, completaram 51 anos que tomei a decisão mais importante da minha vida, de abandonar todas as coisas materiais tais como: café, bebidas, passeio aos domingos, trabalho e compras para entrar nas águas do batismo e abraçar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, ser fiel até o fim. 52  anos já se passaram, a trajetória foi longa e dolorosa, o caminho foi sinuoso e acidentado, lamacento e arenoso, espinhoso e florido, chuvoso e ensolarado, gelado no rigor do inverno e aconchegante com o sol de verão. Assim foi a trajetória demarcada com suor e lágrimas nos momentos de angústia e sofrimentos e regada com as lágrimas de gratidão e alegria nos momento de felicidade. Assim foi a trajetória até que finalmente estou chegando ao final do caminho; atravessei todos os obstáculos, galguei as mais íngremes montanhas e lá de cima, avistei o paraíso. Registro este sentimento que surpreendeu-me dentro do ônibus, quando vinha de volta para casa, no dia 25 de Maio de 1980. O motorista estava correndo e o ônibus trepidando muito, mesmo assim, eu peguei um pedaço de papel e caneta e escrevi este poema: Meus caminhos estão largos e floridos, não há buracos ou pedras para ferir os meus pés, caminho descalça e tranqüila, sinto o perfume das flores, o frescor da brisa e o aconchego do sol, eu me sinto tão bem assim, calma, serena e feliz, já não necessito de casacos de peles, jóias, trajes finos, para ficar elegante. Da minha endumentaria eu não me lembro. Não sei em que alameda eu perdi os meus sapatos, em qual baú ficaram guardados os meus vestidos, em qual espelho ficou refletido o meu rosto e a neve de qual inverno embranqueceram os meus cabelos. O que sei é do caminho pelo qual percorro agora, sem buracos ou pedras para ferir os meus pés, camiho descalsa sentindo o perfume das flores, o frescor da brisa e o aconchego do sol. No grande palco no qual representei, muitos me criticaram, questionaram até me agrediram verbalmente, isso não me importa, pois não me lembro dos seus nomes porém, outros me aplaudiam de pé, isso também não  importa, pois não me lembro quem foram. O que me importa agora é o caminho pelo qual percorro, sem buracos ou pedras para ferir os meus pés, sentindo o perfume das flores, o frescor da brisa e o aconchego do sol. Neste poema, retrato com fidelidade os meus sentimentos e a vida que estou vivendo a partir de 14 de Novembro de 1978, quando passei pelo Templo do Senhor. Realmente os caminhos estão largos e floridos e não há buracos ou pedras. Buracos de complicações, decepções, mágoas ou rancor em que muitas vezes, nós nos atolamos pela estrada da vida, e pedras de injustiça, incompreensão, desprezo que nos ferem, nos angustiam e faz com que paremos num ponto da estrada, retardando assim o progresso na caminhada. O frescor da brisa, o perfume das flores, e o aconchego do sol, são os momentos de paz e felicidade e alegria é o que se sente, quando se vive os mandamentos do Senhor e cumpre os requisitos e ideais mais elevados, para merecer o seu devido lugar, no seio da família e nas Estacas de Sião e, consequentemente, sentir a influência do Espírito Santo e desenvolver os dons recebidos por ele, e estar em sintonia com Deus e sentir a proteção dos anjos.

Da minha endumentaria eu já não me lembro, não sei em que alameda eu perdi os meus sapatos, etc., simboliza o desprendimento das vaidades do mundo, dos prazeres e apego as coisas terrenas. O grande palco no qual representei - retrata o mundo e as pessoas que muitas vezes, nos agridem, nos ofendem, nos caluniam, e outras que nos amam, nos ajudam e reconhecem o nosso sacrifício. Confortam-nos e nos incentivam, essas são as que nos aplaudem de pé, isso não me importa. Não me lembro quem foi, simboliza que nós perdoamos e esquecemos. Realmente os meus caminhos estão largos e floridos, tudo tem se tornado muito mais fácil desde que coloquei o Evangelho de Jesus Cristo e o trabalho da Igreja em prioridade em minha vida, o meu entendimento se abre, os horizontes se alargam, meu espírito se eleva e a força poderosa do Espírito Santo me envolve, me inspira, conforta e ensina coisas divinas, conduz os meus passos e mostra o caminho que conduz a vida eterna. E é nesse caminho que estou caminhando agora, com passos firmes e seguros, sem temor e sem medo de vacilar, porque Jesus é o meu guia, o meu bom pastor e Ele me ama, sei que sou uma de suas ovelhas queridas. Ele tem demonstrado com o seu amor, sua proteção e cuidado, não permitindo que Satanás tivesse poder sobre mim, sempre fui forte e corajosa e tive muita fibra para livrar-me das tentações e travei uma luta feroz contra os poderes do mal. Tenho certeza de que naqueles momentos ele mandou seus anjos me proteger das tentações e dos perigos do mundo e preservou a minha vida para servi-lo na edificação de seu reino aqui na Terra como estou servindo agora com  85 anos: com a fragilidade de meu físico e a fortaleza de meu espírito.

Das páginas de meu diário Maria José Pereira Antunes