É um privilégio poder falar para nós hoje. O tema do meu discurso é:“Converter
o coração aos pais”, de acordo com a profecia encontrada no livro de
Malaquias, no Velho Testamento, no capítulo 4, versículos 5 e 6.
“Eis que eu vos envio o Profeta Elias, antes que venha
o dia grande e terrível do Senhor. E converterá o coração dos pais aos filhos,
e o coração dos filhos a seus pais, para que Eu não venha, e fira a terra com
maldição.”
O Livro de Malaquias é o último livro do Velho Testamento
e o último a ser escrito historicamente antes de Cristo. Malaquias significa
Mensageiro e escreveu essas profecias aproximadamente a 430 a .C., quase cem anos
depois que os judeus começaram a retornar da Babilônia à terra de Israel. O
profeta Malaquias é um dos profetas mais frequentemente citados do Velho
Testamento. O próprio Salvador ressuscitado citou algum dos ensinamentos de
Malaquias aos Nefitas e o anjo Moroni citou Malaquias ao jovem profeta Joseph
Smith mencionando que as profecias de Malaquias seriam cumpridas nos últimos
dias.
Foi na noite de 21 de setembro de 1823 que o anjo Moroni
visitou Joseph Smith e o contou sobre o Livro de Mórmon, ele também citou
várias escrituras, incluindo parte do terceiro e quarto capítulo do Livro de Malaquias.
Malaquias testificou as pessoas de sua época que o dia do Senhor virá. Apesar
do mal parecer prosperar, o dia do Senhor será um dia de julgamento em que o
justo será recompensado e o injusto será castigado. Dessa forma, Malaquias não
somente profetizou e ensinou os judeus de sua época, mas seus ensinamentos e
profecias se referem a nós e nosso tempo e de que forma devemos nos preparar
para a Segunda Vinda de Cristo.
Nessa passagem específica, do capítulo 4, versículos 5 e
6, o profeta Malaquias menciona outro profeta, o profeta Elias. A primeira
referência ao profeta Elias encontra-se no Livro de Reis, como sendo Elias o
Tesbita morador de Gileade, a leste da Jordânia. Esse grande profeta foi um dos
grandes líderes a defender Jeová como o Deus verdadeiro de Israel, no século
nono antes de Cristo, quando o povo adorava Baal. Sua vida está associada a
muitos milagres. Certa vez o Senhor o dirigiu a casa de uma pobre viúva que
vivia com seu filho. Elias a encontrou próximo aos portões da cidade e pediu
água a pão. A viúva respondeu:
"Vive o Senhor teu Deus, que nem bolo tenho,senão
somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija e
vês aqui, apanhei dois cavacos, e vou prepará-lo para mim e para meu filho,
para que o comamos, e morramos”. (I Reis 17:12). E Elias lhe disse: “Não
temas; vai, faze conforme à tuas palavra: porém faze disso primeiro para mim um
bolo pequeno e trazes-mo para fora; depois farás para ti e para teu filho.
Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e
o azeite da botija não faltará, até o dia em que o Senhor dê chuva sobre a
terra”. E assim aconteceu.
O Profeta Elias não experimentou a morte, como registrado em II Reis 2:11, “E
sucedeu que, indo eles (Elias e Eliseu) andando e falando, eis que um carro de
fogo, com cavalos de fogo. os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho.”
Depois de oito anos da visita do anjo Moroni ao Profeta
Joseph Smith. Alguns dias antes da dedicação do Tempo de Kirtland, Joseph Smith
e Oliver Cowdery tinham acabado de orar juntos no templo, quando uma visão
maravilhosa foi manifestada a eles. Essa passagem, de 3 de abril de 1836,
encontra-se registrada na Seção 110 de Doutrina e Convênios. No versículo 1
lemos: “Retirou-se o véu de nossa mente e abriram-se os olhos de nosso
entendimento.”
O Senhor apareceu em pé no parapeito do púlpito e falou a
eles. Moisés também apareceu a eles, e então Elias. No versículo 13 lemos o
relato da aparição do profeta Elias. “Concluída essa visão, outra grande e
gloriosa visão abriu-se para nós; pois Elias, o profeta, que fora levado ao céu
sem experimentar a morte, apareceu diante de nós e disse: Eis que é chegado
plenamente o tempo proferido pela boca de Malaquias – testificando que ele
(Elias, o profeta) seria enviado antes que viesse o grande e terrível dia do
Senhor – Para voltar o coração dos pais para os filhos e os filhos para os
pais, a fim de que a Terra toda não seja ferida com uma maldição – Portanto as
chaves é confiadas a vossas mãos; e assim sabereis que o grande e terrível dia
do Senhor está perto, sim, às portas.” Nesse dia foram conferidas as chaves
e a autoridade do trabalho para os mortos.
A respeito da missão de Elias, o Joseph Smith disse: “Isto
é o espírito de Elias, que nós redimamos nossos mortos, e nos liguemos aos
nossos pais que estão no céu, e nos selemos a eles aguardando a primeira ressurreição.”
Penso que uma parte desse trabalho e nos aproximarmos de
nossos antepassados, mas também garantirmos que as futuras gerações nos
conheçam e também possam se aproximar de nós, aprender com nossas experiências
e com nosso exemplo.
Na casa da minha tia Augusta, que tem mais de 80 anos, tem
uma caixa com fotos antigas dos meus parentes próximo e antepassados. Não temos
nenhum diário deles, e confiamos na memória da minha tia depois na nossa
própria memória para defini-los: seus nomes, suas profissões, suas
características físicas, seus temperamentos e suas experiências. Mas sempre
será uma visão de outra pessoa a respeito deles, não suas próprias vozes.
Quando os santos tiveram que deixar Nauvoo, eles alinharam
suas carroças na Rua Parley, que foi chamada de Trilha da Esperança. Hoje nesse
local são dispostas placas com partes dos diários desses santos, que expressam
seus sentimentos, seus pensamentos e nos dão exemplos da sua determinação e
coragem. Uma dessas placas chama muita atenção dos visitantes; um breve trecho
do diário de Louise Barns Pratt, e ela disse: “Na noite passada as senhoras
estavam reunidas. Muitas resoluções foram adotadas. Se os homens desejam impor
controle sobre as mulheres, que fiquem avisados. Nós acreditamos na igualdade
de direitos.” Fiquei imaginando quem era essa mulher e que características
eu poderia atribuir a sua personalidade. Determinação, coragem, inteligência.
Penso que também como mãe ensinaria esse princípio a seus filhos e filhas.
Que privilégio ter acesso ao diário dessas pessoas e
através deles ter idéia do que teria sido viajar com eles e dessa forma
sentir-se mais parte dessas famílias. Saber por sua própria voz seu testemunho
do evangelho, suas experiências e dificuldades, o que pensavam, o que desejavam
e suas metas de vida. Certamente os parentes de Louise foram fortalecidos por
seu exemplo, e muitos deles permaneceram firmes no evangelho por terem acesso a
seus relatos, que trazem esperança e consolo.
O Livro de Mórmon é um grande exemplo de como os registros
de nossos antepassados podem nos fortalecer e nos aproximar deles. No Livro de
Éter, no capítulo 12, versículo 25 lemos: “Tu também fizeste nossas palavras
poderosas e fortes, a ponto de não as podermos escrever; portanto, quando
escrevemos, observamos nossas fraquezas e tropeçamos por causa da colocação de
nossas palavras; e eu temo que os gentios zombem de nossas palavras.”
Muitas vezes é difícil expressar em palavras a intensidade
de nossas experiências, mas como a escritura nos ensina, se escrevermos nossos
sentimentos, pensamentos e experiências também iremos nos aperfeiçoar e seremos
capazes de deixar relatos precisos que nos definam como indivíduos e podem
influenciar nossas futuras gerações.
Gosto de ler biografias por esse motivo, por ser uma
oportunidade de aprender com as experiências reais de outras pessoas. Lance
Armstrong é um ciclista americano que ganhou o Tour da França, que é a prova
mais difícil de todo o circuito profissional, por 7 vezes. Duas dessas vitórias
após vencer um câncer. Na sua biografia ele disse: “A dor é temporária.
Desistir dura para sempre”. Esse é um grande conselho se pensarmos nas
provas da vida e na nossa meta que é perseverar sempre para poder voltar a
presença de Deus.
Que possamos deixar um caminho aberto para as futuras gerações se aproximem de nós, que possamos influenciar essas futuras gerações com nossos exemplos, com nossa biografia escrita por nós mesmos. Que as próximas gerações encontrem a mesma caixa de fotos, mas encontre também uma estória, um testemunho para para cada uma dessas fotos. Que possamos ser o elo que mantenha nossa família próxima do evangelho e de Deus.
Maria José
Que possamos deixar um caminho aberto para as futuras gerações se aproximem de nós, que possamos influenciar essas futuras gerações com nossos exemplos, com nossa biografia escrita por nós mesmos. Que as próximas gerações encontrem a mesma caixa de fotos, mas encontre também uma estória, um testemunho para para cada uma dessas fotos. Que possamos ser o elo que mantenha nossa família próxima do evangelho e de Deus.
Maria José
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