O propósito desse blog, é compartilhar meus pensamentos, citações e principalmente artigos de genealogia, que tem sido por muitos anos um assunto que tenho estudado e adquirido experiência.

Senti o desejo e a necessidade de deixar um pouco desse legado a todos que tiverem interesse. O profeta do velho testamento Malaquias que viu nossos dias, fez a seguinte profecia: "Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais ...". Essa profecia feita cerca de 2.400 anos atrás, podemos constatar hoje nesses últimos dias, o cumprimento dela, quando surge um interesse quase inexplicável na nova geração, em conhecer sua origem, e sua a história.

sábado, 2 de março de 2013

Família Medieval


Conceito Medieval da Família

Muitas gerações unidas por uma mesma herança espiritual e material. Não podemos deixar de citar como exemplo algumas linhas extraídas do livro de família d’Ormesson, conselheiro de Estado na França no século XVII.




A família foi à alma viva da ordem cristã medieval. A sua influência continuou e continua muito depois. Eis como o erudito Mons Delassus nos fala de seu beneficio influxo nos séculos passados. Que nossos filhos conheçam aqueles dos quais descendem por parte de pai e mãe, que eles sejam incitados a rezar a Deus pelas suas almas e a bendizer a memória das pessoas que, com a graça de Deus, honraram a sua casa e adquiriram os bens de que eles usufruem.

Outro pai de família escreve em 1807: Encontrará meus filhos, uma seqüência de ancestrais estimados, considerados, honrados na sua região e por todos os seus concidadãos. Uma existência honesta, uma fortuna mediana, mas uma reputação sem mancha, eis o capital que vem sendo transmitido, durante quatrocentos anos, por onze pais de família que jamais abandonaram o nome que receberam nem a terra em que nasceram.



Por esta palavra família, portanto, não se entendia somente, como hoje, apenas o pai, a mãe e os filhos, mas toda a linhagem dos ancestrais e a dos descendentes que viriam.

Para ser assim una e contínua através dos séculos, ela tinha não somente a continuidade do sangue, mas também, se assim se pode dizer, um corpo e uma alma perpétuos. O corpo era o bem de família que cada geração recebia dos ancestrais, como depósito sagrado. Ela o conservava religiosamente, esforçava-se para aumentá-lo e o transmitia fielmente às gerações seguintes. A alma eram as tradições, isto é, as idéias dos antepassados e seus sentimentos, bem como os hábitos e costumes que decorriam.





Uma lei escrita no coração dos franceses, consagrada por um costume multissecular, assegurava à transmissão do patrimônio de uma geração a outra. E um tríplice ensinamento: o primeiro, dado pela conduta dos pais que os filhos tinham diante dos olhos; o segundo, que lhes era ensinado pelas exortações, conselhos e admoestações que recebiam; e o terceiro, contido nos escritos, chamados livros de contas ou livros de família, mantidos e atualizados por cada geração. Tudo isso garantia a transmissão das tradições familiares.

Hoje em dia os livros de família não existem mais, nem mesmo sob a forma de recordações, a não ser nos arquivos dos eruditos. E quantos há, entre nós, que podem citar os nomes de seus bisavós e trisavós que conta até a quarta geração.


A família de outrora não existe mais nos países europeus. Isso é. explica os parcos resultados obtidos pelos padres e religiosos que tiveram em mãos, durante meio século, o ensino primário e secundário de mais da metade da população. Suas lições não mais encontravam como base para assentar-se, aquele fundamento sólido que as tradições de família devem inculcar na alma da criança.




Não é só a família que já não existe mais em vários países, mas não resta mais nada da constituição social que a História viu originar-se da família em todos os povos civilizados. Não temos mais família porque a sociedade perdeu de vista o objetivo da sua própria existência. Como foi dito a família tem dois sustentáculos: O lar e o livro da família chamado na França o livro de contas ambos quebrados pelas Leis. A transmissão do Lar do patrimônio que o contém formava, entre as gerações sucessivas, o vínculo material que a unia, uma a outra. A esse primeiro vínculo se juntava um ao outro que era a genealogia e os ensinamentos dos ancestrais e acima de tudo era pautado pelos princípios do evangelho de Jesus Cristo.

Extraídas do livro de família de André d'Ormesson, conselheiro de Estado na França no século XVII.

Maria José Antunes

Março de 2013

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